é verde, respira e vive como eu, ali germina, cresce e espalha-se pela parede. sufoca o branco, esconde-o e torna-o seu. somos um, eu e o musgo, somos mais que o tudo, mais do que aquilo que possas alcançar. arrebanha-se a roda que range que reage ao ruído da roupa que se rasga. e não sou quem escuto.
a sombra projectada na parede indica-me meia-noite.
há maneira de identificar um sonho defunto pela vida que deixou atrás de si, através do cheiro sangue quente, rubro, que brota da jugular distorcida pelas minhas mãos?
gostava que este ano fosse mais curto que os precedentes. menos vívido (um dia, tantas vezes o desejo que se há-de tornar realidade).
não há respostas definitivas - não às respostas definitivas! seremos sempre um mistério a que nunca seremos capazes de responder - e seremos os únicos incapazes de o fazer. somos livros abertos, de contracapa virada do avesso, para fora, para dentro nada. continuemos então a labutar, permutar dúvidas entrelaçadas em palavreado que tenta ser verdadeiro, seremos sonhos esbatidos da imagem que temos de nós, recusaremos a vingança por não ser nossa, por ser de quem a torna sua. morremos de saudade a cada inspiração e não largamos a meada para seguir o fio que se desprende. caminhamos descalços, entorpecidos na vã esperança de gozar ambos os minutos de liberdade reservados em nosso nome, com uma vida de antecedência.
perdão, com um balázio sorridente peço desculpas por todos aqueles pedidos de desculpa.
não há resposta para a minha pergunta, a nossa dúvida, há apenas um sorriso de que tudo irá correr como planeado, ávido por caos, sem dúvida alguma, pergunto.
já sobejam as noites de ócio solitário na velha mesa de jogo.
J
o musgo que cresce na parede da minha casa
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