levantou-se cedo. um dois um dois um dois, e eram umas seis, seis e meia da manhã. apalpou os lençóis, punhos secos, gretados, cérebro ainda meio desconjuntado.
estava doente, tossia, catarro, cheiro a bílis, vómito, era um asco. revistas e livros faziam de tapete, espalhados, ordenados um a um num caos pleno pelo chão do quarto. tentou acender a luz, em movimentos atabalhoados, à procura do interruptor, da claridade. larvas de ideias, tomavam os casulos e agitavam as asas multicoloridas, esvoaçando pela cabeça fora, ideias que iam e não voltavam.
- ouvi dizer que está frio lá fora.
- quem te contou?
a voz, surpresa, eco, actor factor translúcido da sua demência, anunciava a multidão que se agitava lentamente junto à cabeceira. o suor quente escorria pelas virilhas, irritava as pequenas borbulhas que se alastravam pelo corpo - de líquido amarelo as que ainda estavam por rebentar, um rio de pus as outras, de pele queimada e rubra, com cortes ensanguentados.
- vou voltar a dormir.
- eu não vou a lado nenhum.
huhuh.
J
umgajoperdido
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