carta ao meu amor

quarta-feira, 21 de maio de 2008 às 10:01

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Rolling stones - paint it black
tu que devoras o meu coração sem dó, sem a mercê devida, que escolhes ignorar as circunstâncias do tempo, tu que me róis a alma até que nem os ossos sobrem da minha existência.

porque dóis? não me parece certo. sinto-o na comida que trago, sabe-me azeda, insonsa, sem cor nem paladar. Quando passeio na rua os pássaros calam-se, já não chilreiam aquelas músicas de antes, quando não existias. Agora é uma ralação constante, e tenho que admitir, já nem a cerveja tem o mesmo sabor, e já nem o tinto é cor de sangue. resta-me apenas pedir-te que me expliques, digas porquê? alguma vez te fiz algum mal? não nos dávamos tão bem quando arrastava os pés pelas ruas sózinho, às tantas da manhã, sem te ter por perto a cada esquina, a roubar-me a força das pernas, escondido nas faces das pessoas que me olham, estranhos a tudo isto, fazendo caretas nas montras das lojas por onde passo, sempre sozinho na tua companhia.

porque odeias tu tanto a incongruência da solidão, deixa-me roer os pulsos em paz fodasse. volta para o negro buraco de onde saíste. o ruído que deixas na minha cabeça a cada investida torna-se cada vez mais insuportável, e a cada dia aumenta o volume, faz-me sangrar dos ouvidos, de dentro para dentro, faz-me doer a cabeça e deixa-me o peito descontrolado, para quê? dói. tudo o que desejas é tudo, demasiado nada entendes? não te pedi isto de estar vivo, de sentir o sangue a ferver nas veias, atrapalha, não consigo sentir as mãos firmes, tremem e isso chateia-me pois custa-me trabalhar ou dormir, pois adormeço sempre contigo por perto.

peço-te com mui veemência, pára com as lamechices. isto de andar sozinho, contigo atrás, não dá jeito e só estorvas. pira-te, xispa-te.

onde é que deixei aquele gin tónic? anda cá ao pai.



J

PS: desculpem-me a lamechice, foi uma vez sem exemplo. eu sei eu sei, também eu tenho as tripas às voltas depois de ler isto.

lamecha: adj. e s. m., fam.,
namorador ridículo.

4 Comentários:

21 de maio de 2008 às 10:59 Anónimo escreveu:

Gostei que tivesses acrescentado a definição de lamecha :)
Obrigada por fazeres parte da minha vida.

obrigado o tanas, isto dos privates tem o seu preço. posso é fazer um desconto d'amigo para ti *ahem*.

pera, deixa-me ir buscar a tanga rosa ao estendal, pera.

:)


J

21 de maio de 2008 às 23:09 Anónimo escreveu:

ai! tanga rosa? a tanga rosa??? aviso já que não respondo por mim...

nãnãnãnã

regra da casa: não tocar, HANDS OFF.

a não ser, claro, que mandes vir a garrafa de champagne magnum.. hmmm hmhmhmhmmm....


há! paz!

J

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