lixo miscelânico

domingo, 23 de maio de 2010 às 22:27

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Até podia escrever com as mãos o caminho no chão,
debruçado sobre a ténue linha que se adivinha,
olhando o horizonte para onde desemboca esta ponte,
de regresso, inerte, de olhos fechados, com graça.

Descrever o futuro razão
- leva-me a maré
e não podia prever
- vapor de água na traqueia

Garganta cortada,
corrigir o pulso que arranca o externo,
caixa torácica aberta - pulmões negros,
ressonantes e graves tons rosa,
- as gotas do purpuro sangue marcam os sinais dos estilhaços no chão
e novamente, este frente a frente.

Até podia escrever o caminho no chão,
com as mãos que esgravatam minuciosamente a graça
que ecoa nos quartos, um a um visitados,
despidos - os joelhos esfolados encolhidos.

Anda visitar o meu túmulo nos dias de paz.


Guarda os teus dentes para uma nova vaga que se aproxima dura, para a raiva que se resguarda na doce ternura, e limpa o sabor azul da terra que tens nos lábios, com os nós dos dedos gastos, das lápides por talhar que descansam no topo das árvores.

Espreita-se um destino, o mesmo de sempre, com ela.




J

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