(misc.)

terça-feira, 13 de julho de 2010 às 02:31

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Tom Waits - Shake It
Se a noite fosse calma, um segredo que se conta ao ouvido, num sussurro de primavera tingido com o calor do verão, as estrelas cairiam do firmamento, uma a uma, perdidas no destino de um encolher de ombros, de um capricho azedo desejado num qualquer festim onde os corpos se sonham carmim. Chegam-me os sonhos sem memória, sem pretensões de serem castelos ou muralhas, rasgões no tempo intermédio de um beijo ou da saudade, ou de frondosos diálogos com o meu ou o teu pai. São o sal que se rende à alma.

O sal que nos resta na ponta do sabor na língua.

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Espiões de graça distinta,
de verdades interinas, dogmas dançáveis,
dizem-me que um dia as décadas amontoadas
irão olhar de frente para o infinito ocaso,
deitadas por terra sem receios,
altares e as mãos gravadas nas sombras,
em visões no horizonte que nos segue a poente.

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Na contraluz vislumbrei o teu perfume,
o sol ofuscava-me, reluzia por entre os teus dedos,
e esticavam-se os dias velozes em suaves pinturas
de números e nomes moldados na argila cinzenta.

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Fecha os olhos e descansa, rasgo as cartas incertas.

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Comprei uma recordação na cidade, algo que me permite trazer comigo ou levar, os urinóis de improviso nas paredes sujas de cimento gasto, dos caracteres deixados por acaso em declarações de sítios onde nunca estive. Foi um bom negócio.

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O exército aproximava-se, gulosa máquina de guerra.

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J

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