Curto

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015 às 21:09

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A vida é curta demais para tanta preocupação, tanta cerimónia e falsos tímidos. O amor tem que ser cantado, gritado, sussurrado, lembrado e mordido. Não cabe num talvez nem no fundo de uma garrafa. Não se esconde com medo ou respeito, não se contenta e não é bem educado. Passam demasiado tempo a imaginar futuros para vocês próprios, sem se lembrarem que tudo acaba sem que vos peçam autorização ou sequer um aviso com sete dias de antecedência, em carta registada.

A vida é agora — não depende de um aumento ou do carro nem da casa. A vida abraça-se porque é música e tem asas e é tanta, e rodopia e cai e levanta de novo aos céus.

Somos os nossos irmãos, mães, pais, amigos e amantes. Somos as árvores com que nos cruzamos e o vento que empurra o rio. As ondas que desabam e castigam a praia. Um sorriso trocado com estranhos a caminho do trabalho, a preguiça que nos prende à cama. O cheiro do sexo, do soberbo sexo, do suor que trocamos com quem nos usa como tela. O tempo não nos mede pois somos infinitos. Hoje. Agora.

As memórias que iremos deixar a quem ficar não serão nossas. Não existiremos mais nesta dimensão. Voltaremos às estrelas em caudas de cometas, meteoros a rasgar os céus nocturnos. Em quem ficar restará uma impressão ténue, borrões de memórias boas e outras más — e só podemos desejar que se riam sem nós, por nós.

Somos energia — átomos colados como que por magia.


Esbanjamos demasiado tempo a pensar que não.




J

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