se a coragem fosse como te pedir desculpas, como voltar para os teus braços abertos, como a bofetada que te devo, e tudo o mais.
sei que hoje, ontem, sei que me sinto, sei que estou, sei que não compreendes como, como estou sózinho. como me sinto, enquanto me sentes, enquanto saudade, quando estou sempre, e nunca serei nunca a memória que me reserva um destino, viagem sem volta, de volta do teu êxtase.
e serei sempre a mentira, o abraço, a tua noite de quatro seis oito horas e basta, de quem te quer mais que tudo neste mundo,
na volta das cartas remetidas de onde foram enviadas,
devolvido: GOSTO TANTO DE TI
e não sabes e nunca soubeste a saudade que tenho dos teu lábios, carne,
e nunca saberás, excepto claro, se leres isto. e nunca o irás fazer. nunca. nunca. nunca.
gostava de te arrancar os olhos, colocá-los nos meus braços, obrigar-te a ver o mundo através das minhas mãos, sofrer-te com eu te sofro, segurar-te nos seios como nunca imaginaste possível segurar no mundo, e ver-te chorar, ranho lágrimas pus, pedir desculpas por nada que tenhas feito e por tudo o que deixaste por fazer. e sei que mesmo assim, mesmo com o teu sangue a brotar pelas paredes, mesmo com as tuas veias arrancadas dos pulsos, o sangue o cheiro da lexivia sangue, o gosto da noite passada na tua boca, a puta da boca que sou, que te deixei provar foda-se. e nunca mesmo assim, alguma vez irás sequer compreender merda da vida que deixei escorregar por entre os dedos da minha cabeça.
nunca irás perceber que quanto mais te rejeito mais preciso de ti, que o abraço que te dei é mentira, é falso, é quanto tu queres que seja e nada mais que. sou quem me tomas, aqueles segundos e nada mais. arranco cada palavra da minha pele e mesmo assim não consegues perceber QUE GOSTO TANTO DE TI.
o último monólogo que tive contigo foi deveras interessante. eu ganhei, mas ganho sempre, o tédio.
e tudo isto, todo o vão, o tempo gasto, as lágrimas secas, as puta das mensagens que sabes bem que nunca hei-de responder porque GOSTO TANTO DE TI e sei que és uma puta que irá voltar sempre para mim, porque GOSTO TANTO DE TI e porque GOSTAS TANTO DE MIM e porque caralho, não percebes, que NUNCA IREMOS ESTAR BEM.
é a vergonha de estarmos juntos que me abraça todas as noites.
e eu não consigo gostar de mim.
ah é triste. triste que estejas. triste que eu esteja, não vou ser mentiroso pois GOSTO TANTO DE TI, mas sei que não há réplicas, anedotas do teu nome, dos momentos, suspiros, dos gemidos nos ouvidos, no aperta que esfrega na redoma do teu umbigo, a tua sexo que transpira eu e eu e eu e somos, beijamos, arranhas, cravas as unhas, e mordo, repuxo, puxo, arranco, empurro-te e sei que ali, aqui, quando for, sempre, sou teu e nada, tu nunca dirás nada, nunca irei agarrar-te quando caíres em ti, que nada é tudo o que somos e todo o carinho que tenho por TI irá alguma vez concretizar-se quando no fundo já tenho o destino marcado, estou em vias de extinção, de mim e de todos, nós, que ainda temos a paciência de aturar, um velho, um merdas, um eu.
e tudo o que eu queria era gostar de ti.
gostava de pedir ajuda mas não sei a quem pedir.
J
coragem
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