como um murro nos dentes, uma centelha de maré que desemboca na tua praia, um rasgão na rotina do vai vém, abriste os braços, sopraste um longo suspiro, da raiva que te cega quente, e tentaste desfazer o nó que te ata à solidão. abriste os braços porque te encontravas só, novamente, abandonada por ti, para ti, num turbilhão que já esqueceste como começou.
vais apanhar barco, estender o corpo, abrir os dedos, largar amarras, puxar o fio que prende que puxa, e ver o céu, mergulhar fundo na ferida que deixas aberta, exposta aos elementos, à violência da solidão de quem te deixou só.
as veias negras de quem abriu os olhos para dentro.
não consegues fazê-lo parar, parar, abre os olhos queres que abra os olhos, não irás conseguir chegar a tempo, o futuro são os anos que te faltam até morreres e não consegues, não irás conseguir chegar a tempo, a tempo de abraçar quem já morreu.
de quem tem os olhos virados para dentro.
J
um belo pedaço de carvão
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