Sentes o cérebro a vacilar, com todos os nervos a bombear o sangue em rios furiosos que derramam tudo para a fronte que sua, treme, espasmos e contorce-se, com os olhos semi-cerrados em punho, o teu crânio parece que ferve no gelo mais puro.
Tentas distrair-te, abstrair-te das ideias que não insistem, que apenas não cessam de existir, na tua cabeça e nas palmas das mãos suadas, e observas curioso o latejar das veias nos braços que parecem ter vontade própria, a compasso da vida esquartejada em ternário, numa valsa falsa com os músculos que se contraem, a tesão, a vida que te fluí do peito para o centro do universo, num turbilhão púrpura que te rasga em dois.
Seguras as mãos na jugular que se esconde por detrás daquela névoa negra e puxas, forte, seguras a morte à tua frente e gostas, sem murmurar, sem lamentar, insistes e consegues sentir a pele a ceder onde as cinturas se encontram, a cada investida misericordiosa, estocadas de veludo vermelho na carne fraca, encenadas e repetidas sem perícia, apenas o desejo bruto, vingança da alma.
Quase sem fôlego, repetes para ti mesmo uma palavra, rasa, sem significado algum, mentira folgada, guloso, não há memórias aqui, apenas a luta pelo fim, a batalha que fica por ganhar, a derrota adiada para um outro dia.
E consegues sentir a alma a estilhaçar-se naquele vácuo de luz. Vens-te. O esperma mancha-lhe os lábios secos e tu gozas as 30 moedas de prata, sem receber o beijo da compaixão, apenas as unhas que te marcam o peito incandescente.
J
velocitatis tremendae
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