rasgar-te a boca e arrancar-te cada mentira que te apodrece os dentes, uma a uma,
desligados do caos que ousa perturbar os sonhos dos gigantes adormecidos,
surpreendidos pelas vozes, irão levantar-se para esmagar todos os opositores,
tombando os vultos que te cercam do passado,
aqueles que se escondem nas brincadeiras que nada mudam,
não há maneira de regressarmos aos casulos que nos protegiam da centelha cósmica impregnada pela dor caustica dos meus olhos.
poderia arranjar maneiras de viver com a dor,
lutando contra as marés que vazam as sementes das minhas mãos,
como os gafanhotos que dizimam as novas colheitas da primavera,
resistindo à maneira como posas com a navalha perto do pescoço,
uma graça, o sorriso de menina leve
- navegas pelas estrelas!
e consegues afundar-me as veias em estranhos dias de suór.
queria tocar as tuas vinte-e-nove faces.
consegues sentir a fresca tinta que tinge as paredes de vermelho,
aquele cheiro asfixiante da resina dos meus braços secos,
enrolados no sexo virgem de uma prostituta com vinte-e-nove braços,
e sentir a fresca tinta que tinge os meus olhos de purpura?
lembras-me o fastio que é lamber as farpas que se prendem na carne.
escolho a solidão estável, o saber que se morre apenas,
agarrado à vontade de existir inocuamente,
na criação celestial dos astros que me cercam o esqueleto,
aqui, enterrado na derradeira mortalha,
um vago sorriso sem sal, de olhos esquecidos para o mundo.
J
teodolito
pleasurable lust.
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