Podíamos descrever o sentimento com que ela acordou como um dia de sol, daqueles em que despertas com a manhã e a luz te toca na pele, aquecendo-te por dentro, com aquele sopro quente que não tem explicação, que desce por ti com a doce tranquilidade
do ventre maternal.
Mas lá está, eu não sei descrever o que ela sentia. Era mais que a luz ou o calor, era mais que o ventre materno ou o açúcar dos dedos dele. Era algo que a preenchia com a certeza única de estar acordada, com o amor que faz este comboio da vida andar de paragem em paragem.
E quando fechava os olhos, recostava-se para trás,
recordava o tempo gracioso que desmembrava as memórias passadas.
Deixava-se intrometer - corromper vá - pelas doenças que a molhavam ternamente em dor, num doce sofrer, telenovela ou novelo cor-de-rosa, descoberta entre os estilhaços do coração que teria sido detonado por uivos - ou laços ou coisa que o valha - daqueles que lhe enterravam notas e cheques sem cobertura nas feridas.
A carne era doce e ela deixava-se dançar - a luz vermelha incidia-lhe na face e ela escondia-se na sombra. Não se importava com o que os outros homens diziam, a verdade é que gostava que a vissem - como adivinhos a ler o futuro nas suas vísceras expostas em cima do palco. E lentamente - voluptuosamente - bailava o sexo entre as suas ancas com arte, curvando-se diante da audiência em fúria por mais.
- lamento a interrupção mas deu-me a fome -
té já, J
2 Comentários:
Quem lê também lamenta a interrupção. É bom saber que continuas a escrever :)
Tu tens mais um seguidor.
Muito interessante teu blog!
Um abraco!
Joao
http://historiasepomemasdojoao.blogspot.com