Texto XIV

quinta-feira, 28 de junho de 2012 às 09:27

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É meia-noite e o opressor quotidiano barulhento das máquinas que revolvem rodam retorcem e reciclam, resolvem-se na quietude de écrans ligados, janelas de luzes acesas e persianas abertas; e convidam a calma brisa nocturna a fazer-lhes companhia antes que a inevitabilidade do próximo dia seja branca realidade.

É meia-noite e os meus pés sobem degraus de ruas que só na ausência de sombras, mergulhadas na escuridão possível da cidade, assumem a sua beleza de espaços de engates, prostitutas e do amor de vinte minutos trocado por outros vintes.

É meia-noite e a noite veste-se de gala acima da cidade, e o veraneante calor enleado na pele recolhe às ruas em romances de beijos roubados em cada esquina, sem vergonhas ou cautelas de Inverno, apenas braços em abraços em corpos trocados narrados nos murmúrios velados de namoros improvisados.

É meia-noite e não quero descobrir ainda o caminho de regresso a casa.



J

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