Título X

sexta-feira, 1 de junho de 2012 às 14:13

Reparto o suor com a melodia que me persegue
uma singular razão que deixo para depois
    da valsa encadeada no espartilho da morte
reza a lenda, pelo menos.

Não faço da vida comboios ou apeadeiros
cada sorriso é cobrado pelo revisor
que vê revê dobra os olhos e masca a língua
no céu da boca
                — beijo a áspera curvatura dos teus dentes podres.



Esqueci-me da minha carruagem.



Não conheço a fronteira onde termina o percurso
neste rio tão profundo
mas se me deixares suster a respiração
                podemos descobrir
                        — ou afundar-nos no lodo das margens
na apneia ou abstinência de sorrisos.



Gostava de trocar as tuas alianças por vinho:
        e beber as tuas memórias, à tua idade.



Prendo o olhar no peso que perdeste
— reluzente esqueleto que me serve de prisão
e acato a melancolia de um amanhã sem futuro,
resguardado nos lençóis que lentamente afogam o meu corpo
            baço
esquartejado num único pedaço.





J

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