vou comer-te a boca
morder-te os lábios
tornear-te a caveira com o suor do meu corpo exausto
do teu amor desinteressado
e vago.
pinto-te com o sangue que te jorra do útero e choras
e eu deixo-te chorar, concedo-te as tuas lágrimas
até dormir.
—
Adormecemos juntos no pânico tranquilo dos nossos corpos que ainda ardem no inferno
por todas as razões que deixámos crescer no pátio onde as crianças brincam. E perguntas porque se desfaz o céu em ouro, porque é que a Lua se refugia da luta e porque é que a noite chega sempre sempre atrasada. Nem nas adivinhas que escreves com as linhas do teu corpo encontras respostas e eu mostro-te, guardo os teus olhos na boca. Uso o teu coração no meu peito morto porque o seu batimento une a cinza que me tornei e pinta-a com melodias através das águas que as tuas lágrimas formaram a meus pés. Vejo as coisas que tu não vês por ti, como tu nunca quiseste ver, vejo tudo escrito nos planos em que fluis à espera da minha presença que teima a chegar com a certeza da escuridão que a persegue. Deixas-me marcar o círculo da miséria que te cerca com as tuas mãos no meu corpo, tatuadas nas minhas faces.
—
Veste a roupa que escolheste para nascer na derrota em que decidiste viver.
—
Irei responder-te a todas as questões
enquanto mastigo os medos que ainda escondes
ou tentas esconder na alma que me vendeste.
—
A última coisa que verás será o meu sorriso com restos da tua pele ainda presos nos meus dentes.
—
Dançamos juntos no eterno sonho para onde me levas,
em todas as noites que o tempo tem ainda para carpir.
—
J
Título XI
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