Rodo em mim o sangue que guardei no frasco oferecido por alguém desenhado nos teus passos,
louca sombra encomendada, tresmalhada
da vertigem rasgada que usas na boca rasgada,
— colecções de lepidópteros tatuados na língua,
e este futuro que sonho em pedaços.
Ideias a revolver constantes empurradas contra
o palato, veias e toda uma máquina redundante
sem palavras para cantar o abraço,
um facto de fato, caixão e funeral
encarcerado em cetim, nas campas que o vento plantou,
no movimento centrífugo da tua mão,
a descreverem os suaves círculos
do furacão estival.
És boca e alma lasciva,
o amor com punhos, boxeur imbatível, o knockout absoluto,
o necessário e o evidente, ficam os dentes
molhados, lábios nos outros lábios salgados,
o exercício púdico,
a vontade
aumentada.
Rodo para mim as caudas de cometa que guardei no frasco oferecido por alguém à guarda da tua sombra,
vestia cartas estelares de noites passadas
que tinha julgado perdidas,
horizontes
abertos entre os olhos, olhos incandescentes,
complexos
caleidoscópios pintados
pelas minúsculas refracções da luz nos pequenos
vidros que caiem,
olhos que tombam à noite,
a noite que traz o branco prostíbulo, bordel da assombrosa violência,
as pernas abertas,
o negro coração ao centro.
J
Texto XVI
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