Resgato das notas o teu retrato, encontro o teu sorriso quando me dizes pra fechar os olhos e esqueço, esqueço que nao guardo memoria das tuas feições ou da loucura destilada pelo tempo na manhã vermelha que se expande, e ocupa a parede erguida na penumbra dos beijos rasgados um a um, das cartas que te escrevi, das linhas perfeitas que a minha saudade desenha no riacho sibilante de fundo púrpura onde te encontro flutuante em mim, onde eu me encontro em ti, flutuante.
Sinto os destroços do dia ainda por fragmentar e espero que leias mais esta carta e a envies a alguém que conheças, alguém de quem tenhas saudades, alguém que tenha deixado saudades.
Em segredo confesso — o lento lamento dos relógios que acusam o movimento centrífugo dos momentos que passam foi ideia minha. Sim, eu sei. Sou incêndio, e cá dentro coses a garganta com a corda sobre as qual penduras os teus lamentos.
E no entanto, escolhes sorrir, porque já conheces o enredo.
J
Perdidos & Achados IV
Enviar um comentário