Adormecemos e conto os dedos
as sombras, os esqueletos,
os braços dentro da cama
um coração que bate
no outro coração que morde
— reviro os olhos à procura do espelho na penumbra
Os suspiros nocturnos são destroços no limite dos estilhaços, filhos órfãos do teu corpo-explosão.
Pinto-me com a luz fosca, tosca, do candeeiro de rua acima da janela, por onde deixo o amor entrar em dilúvio.
Dizes-me para amputar o destino
e rodeias-me,
levas-me o oxigénio da garganta para nela plantares silêncios
— sem porquês
com a triste melodia desfiada aos olhos hesitantes,
guardada na caixa de música de madeira áspera
e rubra.
Ofereces-me o refúgio,
entre as portas que falam e dançam,
— é no escuro que os meus medos aparecem
e tiras fotografias às convulsões
roubas, levas as sombras que apanhas escondidas no brilho do flash,
quando o meu corpo oscila para ti em púrpura-azul,
em movimentos fantoche, de corpo marioneta,
de boca aberta, de ferida aberta.
—
Confesso em segredo que o lamento dos relógios quando acusam os momentos que passam foi ideia minha.
Sorris porque já conheces o enredo.
—
J
Texto XXVII
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