Texto XXVIII

quinta-feira, 7 de março de 2013 às 14:30

suspiro
em fumo
semeando chamas na ponta dos dedos
e as tuas pernas torneiam-me
estrangulam-me
libertam
          os medos na boca
num sonho azul
desenhado, rodeado neste abraço
          vil

os soluços são sorteados em lotaria
          na solitária paixão
          — a verdadeira prisão
quando o falso delinear de planos
          no espelho da noite
é gume rombo,
          memória de madrugadas
          queimadas no vermelho crepúsculo

as palavras mergulham da boca para o chão
          caiem pesadas sobre os pés
                    — o soalho de carvalho estremece
          e danças no reflexo dos espelhos
bandas sonoras de filmes em acordeão
          murmurando nuvens sem forma

só porque podes sorrir não quer dizer que o escolhas fazer.

e nem a pequena luz da demência me guia a bom porto
          nem os teus olhos esperam os meus quando acordo
                    — a tela continua branca aos pés da cama



J

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