responde devagar
escreve cada palavra como se fosse a última
como se o tempo terminasse na ponta da língua
e os segredos fossem lápis-de-cor-azul
os dedos recortados em picotado
abrem o papel de feltro amarrotado
em corações desbotados
e guardam,
guardam o sabor das bocas namoradas
na brincadeira da escola
entre carteiras, o negro do quadro
o recreio no pátio
as mãos dadas atrás do muro
dos primeiros suspiros
até o primeiro trago de whiskey
da roupa espalhada pelo chão do quarto
da incerteza da carne
à certeza do peito
sem jeito, sem medos,
apenas envergonhados pela inocência
deixa, respira e responde devagar:
Apostamos o futuro?
—
J
Texto XXXI
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