Texto XXXI

terça-feira, 2 de abril de 2013 às 14:32

responde devagar
escreve cada palavra como se fosse a última
como se o tempo terminasse na ponta da língua
e os segredos fossem lápis-de-cor-azul

os dedos recortados em picotado
          abrem o papel de feltro amarrotado
                    em corações desbotados

e guardam,

guardam o sabor das bocas namoradas
          na brincadeira da escola
          entre carteiras, o negro do quadro
                    o recreio no pátio
                              as mãos dadas atrás do muro
          dos primeiros suspiros
                    até o primeiro trago de whiskey

          da roupa espalhada pelo chão do quarto
                    da incerteza da carne
                              à certeza do peito
   
          sem jeito, sem medos,
                    apenas envergonhados pela inocência

deixa, respira e responde devagar:
          Apostamos o futuro?



J

Enviar um comentário